Em 2020, a maioria das viagens ficou na gaveta. Há, certamente, quem se arrisque: quem, munido de máscaras e litros de álcool gel, parta novamente à aventura, o bichinho dos aeroportos a chamar, envolto numa nuvem de informações, fronteiras abertas ou fechadas, medidas de segurança e testes de coronavírus que, ainda assim, não desmotivam os mais audazes.

Mas este é, até as autoridades o dizem, um ano para idealmente, redescobrir Portugal. Se tinha viagens marcadas para o Reino Unido, já sabe, não convém mesmo ir ou arrisca-se a uma quarentena. Se ia para as ilhas baleares, ou para a Grécia, deverá conhecer todas as restrições primeiro.  E se for para o Burgau, no Algarve, tem uma verdadeira Santorini a seus pés — a pouco mais de três horas de carro de Lisboa e de seis horas do Porto.

Em 2019, a jornalista da NiT Sara Curado escreveu uma reportagem que lhe explica tudo o que tem de saber sobre o Burgau,a praia onde vai desde criança: onde ir, onde comer, o que conhecer, que praias visitar.

No ano do “vá para fora cá dentro”, mostramos-lhe novamente todas as informações. Para que possa partir à aventura da Grécia…. portuguesa:

Santorini é, provavelmente, uma das imagens mais idílicas que todos temos da Grécia ou a definição de umas férias de sonho: uma enorme falésia cheia de casas pintadas de branco e azul, o destino certo para todos os que querem ter uns dias de descanso inesquecíveis.

O que talvez não saiba é que no Algarve há uma praia onde pode encontrar tudo isto. Há várias, aliás, mas a que muitos descrevem como Santorini portuguesa tem motivos para isso: Burgau é uma pequena localidade em Vila do Bispo que reúne todas estas características — as vistas para o mar, as casas brancas e azuis, as fotos a pedirem para serem carregadas nas redes sociais.

Se não tem Instagram, vai querer fazer uma conta porque, além de descansar e aproveitar, é inevitável querer registar imagens o dia inteiro, numa localidade onde em todo o lado se vê e se ouve o mar.

O Burgau tem 288 habitantes e uma tradição piscatória centenária. As referências a este sítio recuam até ao século XVI e ali ainda se vêem as ruínas de um forte antigo. A praia não é grande nem espaçosa. No entanto, tem águas calmas e transparentes, Bandeira Azul há vários anos e é vigiada.

O único hotel na localidade chama-se Hotel Burgau e não é difícil encontrá-lo: está localizado num penhasco com vista para a vila e para o oceano. Apesar de não ser novo, foi renovado recentemente e os quartos possuem todos os confortos, incluindo um minibar vazio em que se podem armazenar bebidas e comida à vontade. Só serve pequenos-almoços e tem um bar na piscina que assegura pequenas refeições.

Se preferir um alojamento local, pode alugar uma casa nas plataformas habituais. A vila tem caixa multibanco (check), há restaurantes e duas mercearias com fruta biológica (check). Praia, dormir e comer são as palavras de ordem em Burgau.

Para os mais ativos há caminhadas que dão a possibilidade de descobrir praias desertas, ao longo da costa, como a dos Rebolos — pelo caminho passa por praias de areia branca e falésias rendilhadas pela erosão — e a Praia da Luz, que está a cinco minutos de carro.

Pode visitar a praia da Salema e a Vila Arqueológica Paleolítica do Vale de Boi, ambas a menos de seis quilómetros de Burgau. Além disso, é possível explorar os antigos naufrágios e os artefactos romanos na área de Boca do Rio.

Para quem tem barcos ou motas de água, a praia de Burgau possui rampas que permitem levar o equipamento para a água. Quem não tem, pode alugá-lo na concessão.

Se preferir ter a experiência de ver e nadar com golfinhos em águas cristalinas, tem a Algarve Dolphin Lovers mesmo no areal, que organiza passeios de barcos.

Há ainda outros momentos imperdíveis na praia de Burgau — como a chegada de André Carmo, vendedor de bolas de Berlim, que acontece por volta das 11 horas. André  desce a rampa da praia a apitar na sua carrinha — e, se tivermos sorte, regressa por volta das 17 horas. 

O outro é a chegada dos pescadores à tardinha, depois de um dia na faina. Burgau tem um número surpreendente de restaurantes bons para a sua densidade populacional. Não vai ser difícil encontrar um com vista porque, basicamente, todos têm.

Um dos fatores fundamentais para a sobrevivência nesta localidade é falar inglês. Muitos ingleses vivem aqui todo o ano e são donos de restaurantes e alojamentos rurais. Não é, por isso, de admirar que haja dois espaços indianos na vila e que todos os restaurantes tenham frango com piripiri e hambúrgueres na ementa.

Aqui as noites acabam pela madrugada mas não é pela movida: é pelo som das ondas a enrolarem na areia.

Artigo original: NIT

Checa a nossa série menos rotinas, mais roteiros.